Relatório divulgado nesta quinta-feira pela Adasa aponta que o acúmulo de esgoto no leito do lago provocou proliferação das chamadas cianobactérias.
Por Gustavo Aguiar | G1 DF
A poluição e o excesso de substâncias como o fósforo foram a causa para a mancha verde formada em novembro no Lago Paranoá, no Distrito Federal. É o que aponta o relatório da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) apresentado nesta quinta-feira (22) sobre a proliferação das cianobactérias, algas que causaram a interdição da área que vai da Ponte das Garças até a Ponte Honestino Guimarães.
Mancha verde de cianobactérias no Lago Paranoá, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução) |
De acordo com o relatório, a elevação da quantidade de esgoto no lago se deu principalmente porque as primeiras chuvas levaram grande quantidade de sujeira concentrada na cidade para o leito do Paranoá. Outro problema apontado foi a quantidade de ligações clandestinas de esgoto que despejam sujeira direto no lago.
Para minimizar o problema o documento sugere a manutenção sistemática das galerias pluviais e a correção de ligações clandestinas de esgoto. As recomendações são feitas à Adasa, à Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
Mas, mesmo com as medidas, o problema deve continuar nos próximos anos. "Qualquer solução que pensarmos será a longo prazo, para tratar a bacia como um todo. No ano que vem, as condições vão ser as mesmas, o fenômeno deve se repetir, mas esperamos que no futuro possamos superar esse problema", disse o presidente da Adasa, Paulo Salles.
Ocupações irregulares
A presidente do Ibram, Jane Vilas Boas, disse que a quantidade de ocupações irregulares ao longo do córrego Riacho Fundo ajudou a agravar o problema. Esse é um dos principais afluentes do lago. "Ele passa por Vicente Pires, Vila Cauhy, Setor Bernardo Sayão. Todas essas regiões têm ocupações irregulares", afirmou.
Segundo o GDF, uma força-tarefa será montada para recuperar a bacia do córrego Riacho Fundo. Os trabalhos incluem a atuação da Agência de Fiscalização do DF (Agefis) no combate às ocupações irregulares. O controle das invasões é uma das prioridades do governador Rodrigo Rollemberg. Mas a ação enfrenta resistência dos moradores.
As amostras de água recolhidas também identificaram acúmulo extra de matéria orgânica principalmente em galerias de águas pluviais, que deveriam servir apenas para escoamento da água da chuva no Lago. Ou seja, de acordo com os órgãos responsáveis, o brasiliense está jogando lixo em bueiros de escoamento das chuvas e esgoto nas galerias pluviais, o que é inadequado.
Região liberada
Os trechos do Lago Paranoá interditados em novembro por causa da mancha verde foram liberados nesta quinta para a população. A região recebeu placas de alerta proibindo a pesca e o banho por causa dos riscos da mancha verde de cianobactérias.