Defesa Civil do município registrou fenômeno na área em 2010 e em 2016.Técnicos de Centro de Sismologia da USP reinstalaram estações na cidade.
Do G1 Ribeirão e Franca
Moradores do distrito de Jurupema, no município de Taquaritinga (SP), estão criando teorias para explicar os tremores que atingem a cidade há anos. Na madrugada desta quarta-feira (8), um novo abalo foi sentido e assustou quem vive no local. Técnicos da Universidade de São Paulo (USP) reinstalaram equipamentos na cidade para registrar e estudar os fenômenos.
Sismógrafos foram posicionados em quatro estações na cidade de Taquaritinga (Foto: Reprodução / EPTV) |
Segundo algumas pessoas que vivem no distrito, o tremor foi sentido em várias casas por volta das 4h. Alguns moradores afirmam que um segundo tremor, mais fraco, ocorreu poucos minutos após o primeiro fenômeno ter feito algumas residências tremerem.
“Hoje de madrugada, 4h45, por aí, deu um barulho bastante forte e em seguida um mais fraco. Começou desde junho do ano passado, expandiu bem a notícia e tem vezes que treme. Nunca teve isso e de repente aparece isso e com notícias na TV de tremores em outros lugares as pessoas ficam assustadas”, afirma o aposentado Euclides Rici.
Esta não é a primeira vez que a cidade é atingida por tremores. O primeiro registro foi feito pela Defesa Civil da cidade em 2010, seis anos depois, um tremor de magnitude 2,1 foi registrado na região central de Taquaritinga. Dados coletados pela estação Andes, no distrito de Bebedouro, captaram os dados do fenômeno e apontaram o valor.
“Todo mundo tem medo de vir morar aqui. Tem até algumas pessoas que dizem que se mudaram por causa desses barulhos e que tinham medo porque as pessoas falavam que ia abrir um buraco e que ia engolir a cidade. Tremeu de novo na madrugada, chacoalhou tudo. Estávamos dormindo pelas 4h e acordamos com aquele susto. Chacoalha a cama, tudo, é um absurdo, uma coisa horrível”, explica a dona de casa Mari de Macedo.
Alguns dos moradores acreditam que os tremores são causados por explosões em uma pedreira, já alguns tentam relacionar os fenômenos com o aumento da incidência das chuvas. Equipamentos já haviam sido instalados no local em 2016 e técnicos da USP estiveram na cidade durante a manhã para reinstalar alguns aparelhos. A ação faz parte de uma 'segunda fase' dos estudos realizados pela instituição no distrito.
“Essas ocorrências que têm sido registradas em Jurupeba não começaram agora, já ocorrem há algum tempo. A gente já está na segunda etapa de instalação de equipamentos para tentar estudar as ocorrências desses tremores. Começamos a reinstalar estações e os dados captados pelos sensores delas serão gravados em um cartão de flashcard, mas simultaneamente existe a possibilidade de transmitir esses dados para São Paulo”, explica José Roberto Barbosa, técnico do Centro de Sismologia da USP.
Com os dados em mãos, os profissionais afirmam que talvez sejam capazes de precisar as causas exatas dos tremores. Apesar de ainda não possuir uma certeza, o técnico da USP afirma que existem algumas possibilidades mais prováveis para que os fenômenos estejam ocorrendo no distrito de Taquaritinga.
“Não temos ainda uma posição definitiva sobre essa questão, mas a gente sabe que isso talvez tenha alguma relação com os poços tubulares, ou seja, aqueles poços que têm sua água bombeada e que foram perfurados. Isso pode estar gerando uma certa movimentação, digamos, mudou a acomodação do basalto e isso pode estar trazendo as ocorrências desses pequenos tremores”, explica.
Apesar disso, outros elementos podem estar colaborando com a ocorrência dos fenômenos, que segundo o técnico, não passam de micro-tremores, os quais não possuem mais do que 0.1 ou 0.2 na escala Richter. Além disso, ele explica que tais abalos não devem causar danos mais graves às casas dos moradores.
"É lógico que não é só isso de perfurar os poços. Existe toda movimentação das placas tectônicas que se movimentam alguns centímetros por ano e isso faz com que as rochas também se reacomodem e a presença da água dentro da rocha, em fraturas que antes estavam secas, age como se fosse um lubrificante, possibilitando a movimentação dessas fraturas. Essas movimentações são os pequenos tremores que as pessoas acabam sentindo”, afirma José Roberto.
Até que estes estudos sejam concluídos, as quatro estações seguirão armazenando todos os dados da área. Os técnicos afirmam que deverão coletar o material em até um mês, mas que poderão visitar o município novamente caso um novo tremor forte atinja o distrito de Jurupema nas próximas semanas.