Paula Litaiff | Revista Cenarium
MANAUS – A nomeação de Stroski surpreendeu membros do Ministério Público Federal (MPF), órgão que, junto com a Polícia Federal (PF), investigam o secretário da Semma na Arquimedes, operação que ainda está em andamento.
O Ipaam é responsável pela fiscalização ambiental no Estado amazonense e, segundo a PF e o MPF, Stroski fazia “vista grossa” para a exportação de madeiras com Documento de Origem Florestal (DOF) fraudado.
A constatação veio à tona após a emissão de um alerta emitido pela Receita Federal e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Na primeira fase da operação Arquimedes, foram apreendidos 444 contêineres de 63 empresas com carga de madeira. De acordo com o MPF, a madeira seria destinada a outros Estados brasileiros e também para exportação.
Os países que receberiam a carga ilegal são da América do Norte, Ásia e da Europa. O volume total de madeira apreendido na operação foi 10 mil metros cúbicos, se fosse enfileirado, cobriria a distância de 1,5 mil quilômetros, equivalente ao percurso entre Brasília e Belém.
Ainda segundo o MPF, o esquema criminoso, do qual Antonio Stroski foi acusado de envolvimento, estava composto por madeireiros, engenheiros florestais, servidores públicos e detentores de planos de manejo. Além dele, a ex-presidente do Ipaam (2017-2018), Ana Aleixo, também, foi alvo da Arquimedes. Ela morreu em 2019.
Tentáculos no poder
Em entrevista à IstoÉ há menos de três meses, o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, declarou que a prática do desmatamento ilegal tem ligações em vários setores da sociedade, incluindo o Poder Público.
“O desmatamento é feito por uma organização criminosa com tentáculos em várias áreas da sociedade, incluindo o serviço público”, disse Alexandre Saraiva.
Ele afirmou ainda que o crime é o principal propulsor da degradação das florestas. “O tráfico internacional de madeira é a mola mestra do desmatamento”, acrescentou o superintendente, que foi um dos coordenadores da operação Arquimedes.
Expectativa x realidade
Quando buscava a eleição na campanha publicitária no ano passado, o prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou que, se fosse eleito, daria transparência a sua gestão e prometeu informar a sociedade sobre suas decisões em entrevista ao Jornal A Crítica.
“Eu entendo que a transparência é um princípio fundamental da administração pública e por pensar dessa forma vou implementar as medidas que se fizerem necessárias para corrigir possíveis vícios, com o objetivo de disponibilizar à sociedade as informações necessárias sobre todos os atos da administração”, declarou ele, à época.
Ao nomear Antonio Stroski para a Semma, o prefeito de Manaus omitiu que o técnico foi alvo da operação Arquimedes deflagrada pela PF, limitando-se a apenas comunicar a decisão em coletiva à imprensa.
Questionado sobre a conduta institucional do titular da Semmas pela REVISTA CENARIUM, o prefeito David Almeida, por meio de sua assessoria, mandou a reportagem falar com Antônio Stroski, mesmo a pergunta sendo direcionada a ele. Já a assessoria de Stroski não respondeu à reportagem.