Um estudo realizado por cientistas nacionais do Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e americanos do NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration mostrou que a Floresta Amazônica é uma grande emissora de metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa.
A pesquisa acaba de ser publicada na Geophysical Research Letters e integra o projeto internacional de pesquisas Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA), coordenado pelo Brasil, para elucidar o papel da Amazônia no clima global.
Os pesquisadores utilizaram aviões de pequeno porte, e coletaram, entre 2000 e 2006, amostras de ar em perfis verticais de até quatro quilômetros de altitude. As medidas foram realizadas em dois pontos de monitoramento, nas regiões central e oriental da Amazônia.
Verificou-se que a Amazônia está contribuindo para um aumento médio de 34 partes por bilhão (ppb) de metano por ano. A contribuição mundial para o enriquecimento médio desse gás soma 150 ppb.
Emissão - Os cientistas descobriram que as emissões do metano são originadas de áreas alagáveis, queimadas e processos aeróbicos de plantas. No artigo, os autores ressaltam que as estimativas de emissão de metano destas fontes não são suficientes para explicar as concentrações observadas sobre a Amazônia. O tempo de vida do gás chega a 12 anos.
Os estudiosos também informaram que os pontos de medida, sobre reservas florestais, estão situados próximos às cidades de Santarém - região característica de árvores mais altas e floresta fechada - e Manaus - árvores mais baixas e floresta mais aberta. Na superfície, a concentração do metano é maior e em altitudes maiores as concentrações diminuem, mostrando a floresta como fonte de metano durante o ano todo. Os dados estão disponíveis no site público do projeto LBA.
A cientista brasileira Luciana Vani Gatti, coordenadora da Pesquisa no Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen, disse que "este estudo é bastante representativo da região". As análises foram feitas no laboratório de Química Atmosférica do instituto, montado de acordo com os padrões da NOAA. "Este laboratório é réplica de um dos maiores laboratórios do mundo em gases de efeito estufa", explicou a cientista Luciana Gatti.
Outros gases - Outros cinco gases foram mensurados: hexafluoreto de enxofre (utilizado como gás traçador da concentração do ar de entrada no Brasil), monóxido de carbono (um traçador de queimadas), hidrogênio, dióxido de carbono e óxido nitroso. Este último é o terceiro maior contribuinte para o efeito estufa, depois de dióxido de carbono e metano. Outros trabalhos contendo as análises dos dois últimos gases estão sendo elaborados.
O metano responde por um terço do aquecimento do planeta. Em relação ao gás carbônico, sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior. É liberado, por exemplo, na queima do gás natural, do carvão ou de matéria vegetal e em processo de decomposição de resíduos orgânicos. Atividades agropecuárias (criação de gado e plantações de arroz) também geram emissão de metano. (Milton F. da Rocha Filho/ Estadão Online)
A pesquisa acaba de ser publicada na Geophysical Research Letters e integra o projeto internacional de pesquisas Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA), coordenado pelo Brasil, para elucidar o papel da Amazônia no clima global.
Os pesquisadores utilizaram aviões de pequeno porte, e coletaram, entre 2000 e 2006, amostras de ar em perfis verticais de até quatro quilômetros de altitude. As medidas foram realizadas em dois pontos de monitoramento, nas regiões central e oriental da Amazônia.
Verificou-se que a Amazônia está contribuindo para um aumento médio de 34 partes por bilhão (ppb) de metano por ano. A contribuição mundial para o enriquecimento médio desse gás soma 150 ppb.
Emissão - Os cientistas descobriram que as emissões do metano são originadas de áreas alagáveis, queimadas e processos aeróbicos de plantas. No artigo, os autores ressaltam que as estimativas de emissão de metano destas fontes não são suficientes para explicar as concentrações observadas sobre a Amazônia. O tempo de vida do gás chega a 12 anos.
Os estudiosos também informaram que os pontos de medida, sobre reservas florestais, estão situados próximos às cidades de Santarém - região característica de árvores mais altas e floresta fechada - e Manaus - árvores mais baixas e floresta mais aberta. Na superfície, a concentração do metano é maior e em altitudes maiores as concentrações diminuem, mostrando a floresta como fonte de metano durante o ano todo. Os dados estão disponíveis no site público do projeto LBA.
A cientista brasileira Luciana Vani Gatti, coordenadora da Pesquisa no Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen, disse que "este estudo é bastante representativo da região". As análises foram feitas no laboratório de Química Atmosférica do instituto, montado de acordo com os padrões da NOAA. "Este laboratório é réplica de um dos maiores laboratórios do mundo em gases de efeito estufa", explicou a cientista Luciana Gatti.
Outros gases - Outros cinco gases foram mensurados: hexafluoreto de enxofre (utilizado como gás traçador da concentração do ar de entrada no Brasil), monóxido de carbono (um traçador de queimadas), hidrogênio, dióxido de carbono e óxido nitroso. Este último é o terceiro maior contribuinte para o efeito estufa, depois de dióxido de carbono e metano. Outros trabalhos contendo as análises dos dois últimos gases estão sendo elaborados.
O metano responde por um terço do aquecimento do planeta. Em relação ao gás carbônico, sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior. É liberado, por exemplo, na queima do gás natural, do carvão ou de matéria vegetal e em processo de decomposição de resíduos orgânicos. Atividades agropecuárias (criação de gado e plantações de arroz) também geram emissão de metano. (Milton F. da Rocha Filho/ Estadão Online)