Cientistas do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa) descobriram este ano quatro espécies de aves, dois macacos, um esquilo, dezenas de tipos de aranha e diversas plantas, entre elas duas palmeiras, que o homem ainda não havia catalogado.
Essas descobertas são resultado de duas expedições ao sudeste da Amazônia, em dois pontos do trecho de terra existente entre os rios Purus e Madeira, nos estados do Amazonas e Rondônia.
Em um total de 46 dias divididos entre os meses de abril, maio e julho, cerca de 30 pesquisadores percorreram locais em que o homem nunca esteve, ou que pelo menos não há registro de presença humana nos últimos 100 anos, nem mesmo de populações indígenas.
A área pesquisada pode ser considerada uma das mais ricas em diversidade de fauna e flora da Amazônia, como explica o pesquisador do Departamento de Ecologia do Inpa, Mário Cohn-Haft, responsável pelas expedições.
"O que tem é uma diversidade muito grande de ambiente em uma região relativamente pequena, que faz com que você possa encontrar muitas espécies relativamente perto uma da outra sem ter que andar grandes distâncias para encontrar diferentes ambientes", informou.
A biodiversidade verificada na pesquisa, no entanto, está ameaçada. A área será cortada pela BR 319 e pelo gasoduto que ligará Urucu (AM) a Porto Velho (RO), além de ser afetada pela construção das hidrelétricas no Rio Madeira.
Os maiores riscos são de invasão de terras estimulada com a construção e funcionamento dos empreendimentos; e da atividade agrícola. Na área pesquisada há muitas campinas, que grileiros e invasores acabam escolhendo por causa da vegetação baixa.
Segundo os especialistas, esses campos naturais são muito ricos em biodiversidade, mas não são propícios para a atividade agrícola, como detalha o cientista Mário Cohn-Haft. "Na verdade, esses campos são difíceis de cultivar. São alagadiços e encharcam em toda época chuvosa. O solo é ruim, ácido e arenoso, e demandam muito tratamento para servir para agricultura e depois disso são abandonados".
O pesquisador do Inpa acredita, no entanto, que é possível contornar impactos indiretos dos empreendimentos e evitar as atividades econômicas que agridem o meio ambiente.
Os resultados das expedições poderão ser usados para processos de licenciamento ambiental na região e para a criação de novas unidades de conservação pelo Ibama e pelas secretarias de meio ambiente dos estados.
Fonte: Amazônia.org.br / Radiobrás