Mais quatro casos

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Ministério da Saúde confirma que duas pessoas morreram de febre amarela e outras duas permanecem internadas. Entre os casos fatais estão um morador de Taguatinga e um de Luziânia (GO)

Gizella Rodrigues, Guilherme Goulart e Pablo Rebello

Os dois mais novos casos de morte por febre amarela no Brasil são de pessoas que perderam a vida em hospitais da capital do país. Balanço divulgado ontem à noite pelo Ministério da Saúde revelou que o caseiro José da Silva, 31 anos, e o pastor Antônio Rates dos Santos, 44, morreram depois de picados pelo mosquito Haemagogus. Assim, o número de mortes aumentou de cinco para sete, sendo que todas as vítimas passaram por Goiás antes de apresentar os sintomas. São agora 29 casos notificados: 10 confirmados (três pacientes estão em recuperação), sete descartados e 12 em investigação.

A Secretaria de Saúde do DF só confirmou os casos após a divulgação das mortes pelo Ministério da Saúde. Até então, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Joaquim Barros Neto, garantia que os exames não estavam prontos. “A confirmação só viria amanhã (hoje) ou depois (sexta). Mas os exames ficaram prontos depois de 18h e o Laboratório Central (Lacen) notificou o ministério imediatamente, pois a Secretaria de Goiás precisava saber para tomar as providências. Mas para nós do DF não muda nada porque são casos importados”, explicou.

A primeira morte da semana ocorreu na noite de segunda-feira. O caseiro José lutou pela vida por 17 dias. O morador do distrito de Alagados, zona rural distante 25km do centro de Luziânia (GO), apresentou sintomas da doença em 28 de dezembro. Deu entrada no hospital público local com dor de cabeça intensa, febre, olhos amarelados e vomitando. Acabou transferido para o Hospital Regional do Gama (HRG) e logo em seguida ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele não tinha tomado a vacina contra a febre amarela, ao contrário da mulher e dos quatro filhos.

Na terça-feira, foi a vez do pastor Antônio dos Santos não resistir ao vírus da doença. Morreu no fim da noite depois de três paradas cardiorrespiratórias sofridas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Anchieta, em Taguatinga. Estava internado havia oito dias com insuficiências renal e hepática. O pastor passou mal depois de comemorar o réveillon em uma chácara em Abadiânia (GO), a 118km de Brasília.

Recuperação

Além das mortes, o Ministério da Saúde divulgou que três pacientes infectados por febre amarela estão em recuperação no país. Um deles é irmão do caseiro José da Silva. Cícero Geraldo da Silva, 27, permanece internado no HRG e, segundo o boletim médico, não corre risco de morrer. Ele também mora numa casa em Alagados, a poucos metros da família de José. O segundo caso é o de um homem internado em São Caetano do Sul (SP). Ele também esteve em Goiás, mas o ministério não revelou o nome do município.

A terceira paciente em recuperação é uma paulista, que recebeu alta na manhã de ontem. Ela ficou internada durante nove dias no Hospital São Luiz, no bairro do Morumbi, Zona Sul da cidade de São Paulo. O hospital também não divulgou o nome da paciente — o boletim médico dizia apenas que a saúde dela evoluiu de forma satisfatória e por isso recebeu alta. A mulher esteve no Paraná e em Mato Grosso do Sul entre 27 de dezembro e 3 de janeiro deste ano e ainda não se sabe em qual dos estados ocorreu a infecção.

O Ministério da Saúde envia, hoje, mais 650 mil doses de vacina contra febre amarela para Minas Gerais, Goiás, Tocantins, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Goiás receberá 200 mil doses.

Cerca de 50 mil serão enviadas para Mato Grosso do Sul e os demais estados receberão 100 mil cada.

Em Mato Grosso, os estoques estão zerados e a Secretaria Estadual de Saúde pediu reforço duas vezes ao Ministério da Saúde. O último pedido foi feito sexta-feira, mas ainda não houve resposta.

Militares

Começa hoje o treinamento dos 100 militares do Exército Brasileiro que ajudarão no combate ao mosquito Aedes aegypti no Distrito Federal. Durante dois dias, os soldados aprenderão técnicas para impedir a reprodução do transmissor da dengue e da febre amarela e, na próxima segunda-feira, serão enviados para 11 regiões administrativas. Eles atuarão junto com os profissionais da Vigilância à Saúde por 30 dias, com possibilidade do prazo ser estendido caso haja necessidade.

O Exército dará prioridade para as cidades de São Sebastião, Samambaia, Estrutural e Planaltina, pontos onde a proliferação do mosquito é considerada maior. Os militares também atuarão no Varjão, Lago Sul, Núcleo Bandeirante, Sobradinho, Brazlândia, Paranoá e Ceilândia. A Secretaria de Saúde garante que o reforço no combate ao inseto não foi motivado pelos casos de febre amarela no país. Segundo a secretaria, a inclusão do Exército nas ações preventivas de combate ao mosquito faz parte de uma rotina e ocorre todo ano.

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