Madeira que encheria 250 caminhões some no Pará

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TAILÂNDIA (PA) - Os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não encontraram nem rastro de uma imensa carga de madeira que estava escondida além da margem esquerda do rio Moju, a cerca de 30 quilômetros do Centro de Tailândia, onde está sendo realizada a maior operação de repressão ao desmatamento da Amazônia.

Quando o helicóptero do Ibama sobrevoou a área, os agentes perceberam que não havia mais nada lá. Na semana passada, as autoridades do governo avaliaram que madeireiros tinham escondido no local pelo menos 5 mil metros cúbicos, carga que encheria 250 caminhões.

A operação frustrada de apreensão da madeira além do rio Moju foi mais uma trapalhada do Ibama, que na operação Arco de Fogo tem atuado com muito amadorismo, na opinião de alguns policiais federais que participam da ação.

Na segunda-feira, ao se dirigir à primeira madeireira que seria fiscalizada, os agentes do Ibama passaram pela DK - o alvo planejado com semanas de antecedência - e foram bater na madeireira Segredo, cerca de quinhentos metros à frente. Descoberto o erro, recuaram até a DK, na rodovia PA-150. Cada erro desses dá um grande trabalho à Polícia Federal e à Força Nacional de Segurança, que acompanham os agentes do Ibama. São obrigados a parar o trânsito, a manobrar seus carros e a guardar as armas.

A busca infrutífera atrás da madeira que estaria a 30 quilômetros fez o Ibama e seus parceiros de operação perderem mais de duas horas e meia. Por volta de 2h, eles seguiram por uma estrada de terra até o rio, onde aguardaram por uma balsa. Lá, tiveram de impedir a passagem de motos, bicicletas e até de pedestres.

Cerca de 30 minutos depois da chegada dos carros da PF e da Força Nacional, o helicóptero do Ibama fez alguns sobrevôos sobre a área. Em seguida, foi possível ouvir pelo rádio dos carros da Força Nacional: "Não há mais madeira. Vamos voltar para outra madeireira".

"Videocassetada"

Novas manobras foram feitas. Os veículos tiveram de subir uma rampa escorregadia e o comboio seguiu em frente, até encontrar a Madeflora, isso por volta das 11h30. Mas não havia ninguém responsável pela empresa. Houve nova espera, até que chegasse o gerente e a ele fossem pedidos os documentos. "Parece que estamos participando de uma gravação para as videocassetadas", disse um policial federal, referindo-se a um quadro do programa "Domingão do Faustão", da TV Globo.

Soma-se a tudo isso o pouco número de agentes do Ibama na área. O instituto apresentou 24 e homologou poderes para que 10 funcionários da Secretaria do Meio Ambiente do Pará (Sema) também fizessem a fiscalização. Mas é tudo muito lento. O trabalho iniciado na segunda-feira na DK Madeiras continuou durante todo o dia de ontem. Pelos cálculos do coordenador da operação, Bruno Versiani, do Ibama, serão necessários pelo menos dois meses até que o trabalho de fiscalização das madeireiras termine só em Tailândia, que fica a 235 quilômetros ao Sul de Belém.

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