Afinando discurso para Copenhague

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UE endossa plano do Brasil de redução do desmatamento. Partes decidem por nova reunião antes do encontro da ONU

Silvio Queiroz, *Enviado especial - Estado de Minas

Estocolmo – Brasil e União Europeia (UE) encerraram ontem sua terceira reunião de cúpula com a decisão de realizar um novo encontro de alto nível, possivelmente em novembro, para afinar a sintonia sobre o combate à mudança do clima, antes da conferência das Nações Unidas sobre o tema, marcada para dezembro, em Copenhague (Dinamarca). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva leva da capital sueca o endosso dos dirigentes europeus ao plano brasileiro para reduzir o desmatamento da Amazonia em 80% até 2020.

"O Brasil adotou um plano muito ambicioso em termos de desmatamento, que pode ser exemplo para outros países do mundo que têm florestas tropicais", elogiou o presidente da Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE), José Manuel Durão Barroso. No fim do encontro, ele e Lula deram entrevista coletiva ao lado do anfitrião, o primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt, que exerce a presidência rotativa da UE.

O governante brasileiro voltou a propor que a Organização das Nações Unidas (ONU) determine quanto cada país emite de gases causadores do efeito estufa: "Temos que chegar a Copenhague sabendo quanto cada um emite, para cada um assumir a sua responsabilidade – desde Guiné-Bissau, que não deve emitir nada, até os Estados Unidos". Respondendo a um pedido do movimento ecologista Greenpeace, que cobrou do Brasil um compromisso com o "desmatamento zero", Lula fez a primeira de uma série de piadas com as quais arrancou risos da platéia, inclusive de Barroso: "Desmatamento zero, nem que o Brasil fosse careca, porque sempre alguém vai cortar alguma coisa".

Lula continuou comemorando a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpiada de 2016, e apresentou a decisão para exaltar, no encerramento de um seminário empresarial Brasil-Suécia, "a dimensão do que está acontecendo" no país. "O Brasil não vai perder o século 21 como perdeu o seculo 20", prometeu, no fim de um longo discurso com meia hora de improviso, no qual provocou os empresários locais a investirem no país se quiserem repetir, na Copa de 2014, a final do mundial de 1958, na Suécia – o primeiro vencido pela seleção brasileira. "Não percam a oportunidade", insistiu Lula, pouco depois de ter lamentado que "poucos países tiveram tantas oportunidades como o Brasil, e nos jogamos fora". A Olimpíada, a Copa e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) "vão transformar o país num canteiro de obras", anunciou. O presidente voltou a festejar a recuperação da economia brasileira. "Fomos o último país a entrar na crise e o primeiro a sair", remetendo à fábula da cigarra e da formiga. "Nós trabalhamos e economizamos enquanto outros cantavam", comparou.

O QUE FICOU ACERTADO

Meio ambiente

Brasil e a União Europeia (UE) realizarão um encontro de alto nível, antes da Conferência de Copenhague, para coordenar posições, com base nos planos que cada um dos lados apresentou para enfrentar as mudanças climáticas.

Governança global

As duas partes defendem o fortalecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e a reforma dos principais organismos, em especial para aumentar a representatividade do Conselho de Segurança.

Comércio

Brasil e UE reiteraram a determinação de seguir trabalhando pela conclusão da Rodada de Doha, em 2010, e concordaram em retomar as negociações para um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.

Relações bilaterais

Brasil e UE manifestaram satisfação com o andamento do plano de ação da parceria estratégica e com o stabelecimento do mecanismo de diálogo político de alto nível.

*O repórter viajou a convite da UE

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