A luz do sol é o melhor desinfetante. A famosa frase, dita por um ex-presidente da Suprema Corte dos EUA, está prestes a deixar de ser uma metáfora sobre transparência para se tornar uma verdade literal. Isso graças a pesquisadores da Universidade Rice, no Texas, que anunciaram em julho a criação de um mecanismo que usa o sol para tratar esgoto matando os germes.
No equipamento, nanopartículas ativadas pela luz solar (capazes de potencializar em até 80% a energia dos raios) criam um fluxo de vapor antes mesmo de a água ferver. Esse vapor, extremamente quente, é transferido para uma autoclave, equipamento que usa o gás sob pressão para fazer esterilização. Os pesquisadores já conseguiram esterilizar materiais médicos e dejetos humanos com ele. “Saneamento e esterilização são enormes obstáculos sem uma fonte de eletricidade confiável”, afirma Naomi Halas, diretora do Laboratório de Nanofotônica da Universidade Rice e líder do projeto. Qualquer oscilação na corrente elétrica coloca em risco a esterilização, tornando-a menos confiável. “A conversão de luz solar a vapor diretamente abre novas possibilidades para a esterilização sem necessidade de redes elétricas.”
Se desenvolvida em escala, a tecnologia pode ajudar parte dos 2,5 bilhões de pessoas ainda sem saneamento no mundo. É este o objetivo da Fundação Bill e Melinda Gates, que começou a patrocinar a tecnologia para implementá-la em locais carentes da África. “Precisávamos criar um sistema que pudesse gerenciar os resíduos de uma família de quatro pessoas com apenas dois tratamentos por semana, e a configuração que tivemos na autoclave pode fazer isso.” Até o final do ano, testes serão feitos no Quênia.