Chamas já destruíram mais de 65 mil hectares da unidade de conservação em Goiás, segundo o ICMBio. Expectativa é que o fogo seja controlado até o fim da semana
Por Vitor Santana | G1 GO, Alto Paraíso de Goiás
As equipes que trabalham no combate ao fogo que atinge o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, dizem que este já é considerado o maior incêndio da história da reserva ambiental. Apesar disso, elas acreditam que a fase mais intensa do fogo já passou e esperam que as chamas sejam controladas até o fim desta semana.
"Esta é a maior queimada da história do parque. É a maior força de combate da história do país. Nunca se usou tamanha estrutura, com tantas aeronaves, em um combate a incêndio no país", afirma o coordenador de prevenção e combate a incêndio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Christian Berlinck.
O primeiro incêndio na Chapada dos Veadeiros começou há 17 dias, em 10 de outubro, e foi controlado seis dias depois. Mas, no dia seguinte, novos focos surgiram, e há mais de 10 dias brigadistas e voluntários tentam combater aschamas. A Polícia Civil suspeita que o incêndio seja criminoso.
As chamas já estão sob controle na maior parte do parque, segundo brigadistas, e apenas uma linha de fogo segue descontrola. "É uma área de difícil acesso, mas, se não acontecer mais nada, se não tiver outro início de queimada, esta parte será controlada até o final de semana", diz Berlinck.
Dificuldade no combate
Entre os principais problemas listados para se combater o fogo estão as altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar. Outro ponto é o vento forte, que deixa as chamas com comportamento inconstante.
O brigadista João Nogueira trabalha na área há três anos e nunca tinha visto nada tão devastador. Para ele, o vento é o principal inimigo. "Domingo foi o dia mais difícil. Combatemos uma área grande e estávamos esperando para voltar para a base. Quando vimos, o vento fez ressurgir as chamas e a levou para outra área. Perdemos o trabalho de um dia inteiro", conta.
O chefe de brigadas, Valdeci da Silva Carvalho, trabalha no parque há dez anos e esta é a quarta vez que participa de um combate a queimadas. "Nunca houve uma como essa. Trabalhar aqui não é só uma forma de sustento, você se apaixona por isso aqui e, quando sobrevoa a região, é muito triste ver tudo queimado”, lamenta.
Homens e aviões
Cerca de 200 brigadistas e bombeiros tentam controlar a queimada, e há dificuldade de encontrar água no parque para recarregar os reservatórios. A Força Aérea Brasileira cedeu um avião Hércules para ajudar no trabalho, despejando água sobre os focos de incêndio.
Outros aviões também são usados diariamente. Até agora, mais de 1 milhão de litros de água foram usados para combater as chamas.
As prefeituras de Alto Paraíso e Cavalcante, no noroeste goiano, decretaram na segunda-feira (23) situação de emergência devido o agravamento do incêndio que atinge o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.