Rio Madeira alcançou 18,57 metros, interditando rodovia que dá acesso ao Estado
Itaan Arruda - Especial para O Estado de SP
RIO BRANCO - O governador do Acre, Tião Viana (PT-AC), decretou estado de emergência em função do isolamento causado pelas cheias do Rio Madeira, em Rondônia. Em declaração divulgada pela assessoria de governo, Viana usa o termo "isolamento pleno" para expor a gravidade da situação.
"Hoje o Rio Madeira já alcança a cota de 18,57 metros, um índice já impressionante, considerado por alguns o maior desastre ambiental que a Amazônia já viveu e nós temos uma situação de quase isolamento pleno, por via rodoviária, na BR-364 no lado de Rondônia", afirmou o governador. "O governo tem adotado todas as medidas com segurança, se antecipando às dificuldades que possam decorrer dessa provável obstrução da BR para a população".
De acordo com Viana, a decretação da situação de emergência "vai nos permitir medidas administrativas ágeis que possam colaborar mais ainda para a prevenção de agravos em qualquer ameaça que nós possamos ter de atendimento regular e justo para a população do Acre".
Da tribuna do Senado, o irmão e senador Jorge Viana (PT-AC) alertou para a necessidade de o governo federal intensificar o debate em relação às alternativas ao transporte rodoviário e também em relação às obras das usinas de Jirau e Santo Antônio. Sobre esses temas, o senador foi direto. "Alguém errou e errou feio", afirmou.
A BR-364 é a única ligação rodoviária que o Acre tem com as demais regiões do País. Todo o abastecimento relacionado à alimentação, combustível e insumos para a incipiente agricultura e indústria ocorre pela rodovia federal.
Cheia. A cheia histórica do Rio Madeira cobriu a estrada em vários pontos. Em alguns deles, a água está 80 centímetros acima do asfalto. Em Porto Velho, já passa de 1,8 mil o número de famílias desabrigadas. O estado de calamidade pública só não foi decretado por uma determinação da Defesa Civil Nacional que entende ser necessárias mortes ou epidemias para justificar a medida de exceção.
No Acre, o abastecimento de gás de cozinha e gasolina está sendo feito pela cidade de Cruzeiro do Sul (extremo oeste do Estado). A maior empresa responsável pelo envasamento do GLP está sediada em Porto Velho e está inativa com linha de produção completamente submersa.
Uma alternativa já planejada pelo governo do Acre é realizar comércio de produtos básicos com o Peru. Reuniões com representantes da Associação Comercial e Industrial do Acre e Federação do Comércio já foram feitas. "A intenção é nos antecipar aos problemas", disse o presidente da Associação Comercial do Acre, Jurilande Aragão. O estoque de segurança em cimento, calculado em 20 mil sacas na semana passada, já acabou em Rio Branco.